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RELATO DOS ARTISTAS

FOTOGRAFIAS DE MIGUEL CHIKAOKA

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O fazer teatral em Belém do Pará 1980/90: Lugar de aprendizados

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Natural de Registro-SP (1950), reside em Belém desde 1980, onde iniciou como fotógrafo independente junto ao Jornal Resistência da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos e em seguida atuou nas editorias da revista Cuíra da Unipop (Universidade Popular) e da revista GIBI da Agência Emaús. Colaborou também com a Agência F4. Em 1991, junta-se a outros fotógrafos e funda a Agência Kamara Kó Fotografias, atual depositária da gestão e a guarda do acervo produzido ao longo da sua carreira.

Ainda nos anos 1980 iniciou um movimento em torno da prática e reflexão do fazer fotográfico que culminou com criação da Fotoativa, reconhecida como uma referência para o desenvolvimento da cultura fotográfica na região Norte. 

Dedica-se atualmente à pesquisa e experimentação de percursos educativos pautados numa abordagem transdisciplinar do que constitui a gênese das imagens. 

"Desde quando me percebi neste mundo, ainda sem saber do que se tratava, as artes cênicas entraram no meu repertório de interesse e encantamentos. Sempre tive a sensação de que a vida real se apresenta como um espetáculo sem fim. Essa sensação de estranhamento, de estar dentro e fora do palco da vida, na condição de observador – observado, a começar pelo cotidiano do ambiente familiar afetado pelas tramas e dramas desse estar no mundo. 

 

Ao sair mundo afora me vi assistindo toda sorte de encenações, tanto em salas de espetáculos quanto pelas ruas. Passei a apreciar o curto-circuito de sensações e pensamentos que me provocavam.

 

Curiosamente, minhas primeiras incursões no campo da fotografia enquanto linguagem começam no final dos anos 1970, em Nancy, na França, que durante duas décadas foi palco do emblemático Festival Mondial du Théâtre de Nancy. Nesse ambiente, me senti envolto por um espírito de celebração, corpos livres, atores xamânicos, contra as normas e a urgência do viver, dançar, pelo representado mais vivo, mais real, em que a representação se apresenta mais real do que a realidade.  Fotografei quase nada. Apenas vivi a experiência de estar.

 

Ao chegar em Belém, em 1980, decidido a atuar como repórter fotográfico no embalo do fotojornalismo independente, aterrisso no palco dos movimentos sociais organizados em torno das lutas pelo fim da ditadura e restabelecimento do regime democrático. Nesse contexto, encontro artistas da música e do teatro que me conduzem ao epicentro do movimento cultural emergente, no corredor que liga o Anfiteatro da Praça da República, o Teatro Experimental Waldemar Henrique,  o Teatro da Paz com suas galerias e o Bar do Parque. Entrego-me de corpo e alma à potência desse ambiente plural e passo a fotografar, tanto quanto possível, a cena teatral. Vou além dos palcos, caio nos bastidores e acabo tragado pelos processos e passo a acompanhar a dinâmica do que permeia a construção de um espetáculo bem como dos encontros e debates sobre o teatro e o fazer teatral em Belém do Pará. Um aprendizado imensurável que reverbera até hoje nas minhas práticas do fazer fotográfico. 

 

Esta mostra constitui-se de um pequeno recorte do que me foi dado vivenciar e registrar ao longo de duas décadas. Para apurar esse recorte, com um viés mais histórico, em detrimento do valor estético da imagem em si, tive a generosa e sensível companhia de Wlad Lima, Claudio Barros e Valéria Andrade, pessoas queridas que protagonizaram parte dessa cena e a da Makiko Akao, curadora da Kamara Kó Galeria.

Espero, com esse testemunho, propiciar o reconhecimento e a leitura crítica do que permeou a cena teatral paraense no período."

 

Junho/2021

MIGUEL CHIKAOKA

autor das imagens e coordenador do projeto

Projeto contemplado com o Edital Multilinguagens - Lei Aldir Blanc Pará

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