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VEJA+ CLICANDO SOBRE A IMAGEM

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Desde a Antiguidade as cordas são importantes, sejam elas para puxarem os pesados blocos de pedra que construíram as pirâmides do Egito, nas famosas cidades Incas da América do Sul, ou nas embarcações portuguesas que precisavam içar suas velas. Em Belém do Pará, um fenômeno comum para a cidade gerou a necessidade de tracionar a berlinda com a imagem de Nossa Senhora: a chuva. Diante da impossibilidade do Círio continuar, dado o atoleiro, a corda foi atrelada ao veículo com a berlinda e a procissão prosseguiu.

Quase duzentos anos depois, Miguel Chikaoka faz um pequeno recorte no seu acervo e aponta como o Círio dos anos 80 e 90 do século XX já nos é diferente. A corda, incorporada ao universo da devoção, já é em si mesma um elemento de religiosidade. As mulheres com suas mãos entrelaçadas, a “cabeça da corda” sendo puxada sem a presença da guarda de Nossa Senhora de Nazaré, o formato em “u” atrelado à berlinda e, por último, a chegada apoteótica à Basílica com os promesseiros de braços para cima, celebrando o objetivo conquistado, são alguns dos pequenos detalhes que você pode ver na Mostra CENAS DA FÉ, em destaque aqui no site.

 

As fotos de Chikaoka vão além do documento. Elas nos permitem, como imagens cheias de potência, conversar com o passado de Belém, com os elementos que formam aquilo que entendemos como patrimônio histórico, enquanto elo formador de nossa identidade cultural. As fotos mimetizam a função do objeto fotografado, pois também entrelaçam, interligam e puxam uma longa tradição de fé e história.

 

Michel Pinho

Historiador

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