File00, de Flavya Mutran
KAMARA KÓ APRESENTA EXPOSIÇÃO, QUE REÚNE OBRAS DE TRÊS SÉRIES, DE FLAVYA MUTRAN
publicado em 9 de março de 2013
A fotografia pictórica que versa sobre a lembrança e a identidade. Bem além do retrato, o olhar dispensa a precisão, e opta por formas abstratas, quase oníricas. A nova individual de Flavya Mutran, intitulada FILE 00, reúne trabalhos fotográficos inéditos e premiados produzidas na última década. Em cartaz a partir do dia 9 de março, na Kamara Kó Galeria, a exposição traz obras das séries QUASE MEMÓRIA (2000-2004), THERE’S NO PLACE LIKE 127.0.0.1 (2009-2010) e MAPAS DE RORSCHACH (2011), projetos que dialogam entre si pela pesquisa em torno da transposição de técnicas e suportes da fotografia enquanto possibilidade de investigação de temas ligados à memória, matéria e ficções narrativas.
Partindo do universo íntimo e afetivo, a série QUASE MEMÓRIA marca o início do trabalho de Mutran com as manipulações de imagens preexistentes. As obras misturam chromos 35mm do seu acervo de família e sobras de trabalhos profissionais. Uma ponte entre tempos. “São justaposições de fotos que embaralham épocas e olhares diferentes, expondo a fragilidade da relação entre a matéria e a memória, seja física – corpo, papel, negativo e cópia -, seja virtual - lembranças, sensações, esquecimentos”, explica a artista. Três obras dessa série integram a coleção PIRELLI/MASP de 2004, e também premiadas no Arte Pará (2002) e no VIII Salão Unama de Pequenos Formatos (2002).
O trabalho THERE’S NO PLACE LIKE 127.0.0.1 aborda outro tipo de relação entre o corpo físico e o virtual, ao explorar os limites da apropriação da imagem privada de anônimos que se tornam públicas uma vez expostas na internet. “A frase que nomeia as imagens desta série representa muito da postura do internauta e sua relação com o lugar. É através do localhost (127.0.0.1), ou IP local dos computadores, que o internauta estabelece uma espécie de lugar utópico, como um intervalo no tempo e no espaço, em que realidade e ficção são projeções invertidas de uma mesma imagem”, explica. A série é composta de fragmentos visuais desses ambientes, em imagens coloridas de grande formato, feitas a partir de projeções para além dos monitores RGB, em superfícies de espelhos, paredes, portas, escadas e páginas de livros. Um novo recorte mostrará trabalhos que não foram exibidos na mostra “Pretérito Imperfeito de Territórios Móveis”, que esteveem cartaz no Espaço Cultural do Banco da Amazônia no mês de em novembro de 2011.
Mais recentes, as fotografias da série MAPAS DE RORSCHACH são como cartografias elaboradas a partir de borrões em paredes, muros, pisos e tetos de Porto Alegre, onde mora a artista, que a remetem a lembranças de Belém, sua cidade natal. Inspirado nos estudos do suíço Hermann Rorschach, o trabalho faz uso do milenar hábito humano de projetar aspectos da própria personalidade na leitura de informações visuais aparentemente desconexas. “As imagens dessa série sugerem leituras de superfícies como se fossem mapas para lugares onde (re)encontro rostos que habitam entre essas duas cidades, ou apenas são fantasmas da minha imaginação”, diz Mutran, que expos parte da série no ARTE PARÁ Ano Trinta, em outubro do ano passado. “São vestígios de trajetórias inconclusas que apontam para lugares utópicos, mentais. O rosto, percebido de longe e que se dilui na proximidade do detalhe, se estabelece como um território do afeto, onde a imaginação trafega livre de códigos”.
Essa exposição faz parte do projeto que conta com os benefícios da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e ao Esporte Amador Tó Teixeira e Guilherme Paraense[AC2], com o patrocínio da BLB Eletrônica e apoio da Grand Cru Belém.
Sobre a artista
Flavya Mutran começou a fotografar nas oficinas da Associação Fotoativa. Em 1993, criou ao lado de outros artistas o grupo Caixa de Pandora, que tinha como mote a pesquisa pela “fotografia contaminada”. Trabalhou como laboratorista e passou também a documentar pesquisas sobre a arquitetura da Belém. Nos anos 90 trabalhou com fotojornalismo e em assessorias de comunicação pública e privadas, além de ministrar oficinas de fotografia. É professora de Fotografia em instituições de ensino superior. Atualmente, reside em Porto Alegre, onde concluiu sua dissertação de mestrado “PRETÉRITO IMPERFEITO DE TERRITÓRIOS MÓVEIS” (Fragmentos de autorretratos em redes), em março de 2011, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A pesquisa fotográfica foi contemplada ainda com o XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, da Fundação Nacional da Arte (FUNARTE).
Sobre a Kamara-Kó
A Kamara Kó nasceu no ano de 1991, em Belém (PA), como uma agência de fotografias e vem colaborando na construção de novas possibilidades de desenvolvimento da diversificada e bem conceituada produção fotográfica da região.
Depois de vinte anos de trajetória, o projeto se desdobrou com a criação da Kamara Kó Galeria, espaço expositivo de difusão, fruição e interlocução na aquisição de obras artísticas, dedicado a colaborar com o crescimento da produção artística local, que transita entre importantes obras visuais no mercado das artes mundo afora.
No acervo da Kamara Kó Galeria estão obras de representantes da nova e promissora safra da fotografia paraense e de renomados fotógrafos e artistas visuais paraenses contemporâneos, que têm participações em editais, coletivas e salões em diversas cidades brasileiras e também marcam presença em vários países da America Latina, na Europa, nos EUA, Japão, China e em coleções importantes como Pirelli/MASP - Museu de Arte de São Paulo (SP), FNAC (SP), Instituto Itaú Cultural (SP) e Joaquim Paiva de Fotografia Contemporânea Brasileira/ Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (RJ).
SERVIÇO
Abertura da Exposição “FILE 00”, de Flavya Mutran, na Kamara Kó Galeria (Travessa Frutuoso Guimarães , 611, Campina), dia 9 de março, às 19h30. Visitação de 10/03 a 28/04, de 15h às 19h (terças, quartas, quintas e sextas), e de 10h às 13h (sábados). A exposição é uma realização da Kamara Kó Galeria, com patrocínio da BLB Eletrônica, apoio institucional da Lei Tó Teixeira e Guilherme Paraense, FUMBEL e Prefeitura de Belém, e apoio da Grand Cru Belém. Entrada franca. Informações e agendamentos: (91) 32614809 | (91) 32614240 | kamarakogaleria@gmail.com | www.kamarakogaleria.com
[AC1]Parece uma informação secundária. Alem de achar que na permanência ela deva ficar entre virgulas.
[AC2]Essa parte é obrigatória por lei. Não basta citar no serviço, mas é necessário colocar exatamente esse slogan =/